"Palavras, sons e imagens que nos tocam onde somente a arte alcança para o amor poder agir.."

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Quanto estamos dispostos a mudar?

O Homem é questionador por natureza. Questionamos pessoas, fatos, ocorrências e situações. Concordamos e discordamos conforme o conjunto de opiniões que formamos ao longo de nossa curta ou longa existência. Somos favoráveis ou contrários. Temos sempre a resposta certa para a atitude errada. Somos. Fazemos. Achamos.


Credulidade humana que desnorteia!


Na empáfia da supervalorização de nós mesmos: falimos. Arruinamos. Magoamos. Ferimos.
No afã de ajudar. Erramos.
Somos mestres dos defeitos alheios.
Sabemos exatamente o que devemos mudar no mundo. Violência. Crueldade. Corrupção.
E de nós próprios? O que sabemos das nossas desumanidades?
E qual nossa real disposição para a mudança?


Ser menos egoísta é a meta. Abrir mão de suas convicções é a realidade.
Quem o quer?
Mas como ser menos egoísta sem predispor-se a aceitar o diferente?


Sabemos o que deve ser feito. Não fazemos. Reclamamos. Contrariamos. Negamos.
Dormimos com nosso estômago cheio da hipocrisia reta. Aquecemos nossos corpos com as ilusões subjugadas por nossa comodidade.


Queremos do mundo um lugar melhor para nossos filhos.
Pouco ou nada estamos dispostos a mudar por isso.


Como, então?

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Passamos tempo de mais a nos preocupar com o que não nos faz sorrir...

Passamos tempo de mais a nos preocupar com o que não nos faz sorrir.
Com o que nos machuca. Gostamos de relembrar os momentos de mágoa, medo. Comentamos desgraças. Partilhamos tristezas. Buscamos sempre aquilo que não temos. Insatisfeitos somos, com nossa própria sorte. Uma casa melhor, uma roupa, carro, comida. Tudo queremos melhor, maior.Tudo queremos mais.
Contamos uma a uma as injustiças que nos chegam. Maldizemos a tudo o que nos incomoda.
Passamos tempo de mais a nos preocupar com o que não nos faz sorrir.


Depois reclamamos. Oh tristeza repentina!! Escrevemos. É tanta a solidão!! Choramos misérias profundas. Dividimos o câncer, a depressão, distúrbios alimentares, psicológicos. Absorvemos psicossomáticos, digestivos, analgésicos. Nos escondemos por trás de horas intermináveis submersos no álcool e nas drogas.
Passamos tempo de mais a nos preocupar com o que não nos faz sorrir.


No final, dizemos querer apenas a felicidade, mas quem de nós tem em sua tela mental seu momento mais terno, mais tenro, mais querido? Quem de nós lembra deste momento sem titubear? Qual lembrança é a sua melhor lembrança?


Desconhecemos a nós mesmos. Desconhecemos o que nos faz feliz. Desconhecemos a felicidade. Passamos a vida a buscar o sentido de quem somos, mas nos preocupamos apenas com aquilo que temos. Promoções pessoais. Relacionamentos cativados. Delegamos ao Outro nossas próprias responsabilidades. Sofremos.
Passamos tempo de mais a nos preocupar com o que não nos faz sorrir.


Clarissa Salvioli